É claro que escrevi esse texto muito antes de ter cursado
Letras. Namorei algumas letreiras antes de ter iniciado o curso e esse poema
foi para uma delas, uma das mais chatas. Ela leu o texto, não se reconheceu
nele (óbvio, pois nos reconhecemos mais facilmente em imagens positivas, por
exemplo: conhece algum leitor de Nietzsche que não se identifique com o
espírito livre?).
Não precisei modificar o texto, está como fora escrito em
2003.
Intelectual de letras exatas
Pura de forma linear
Sem peito e sem bunda
Reta perfeita
Quase matemática
Esteta de verbos
dicionário
Esperando ação:
Verbos
─ Beijar
─ Amar
─ Gozar
Quejandos afora
Lentes grossas em aros redondos
Círculos perfeitos
Quase matemáticos
(Ela se move
Educadamente
Mais que isso:
Adestradamente)
!
Eu, bárbaro
Barbaricamente
seduzindo
Também deixei-me seduzir
Ela sorria
Sem sal nem açúcar
Eu sorria
Tatibitate
Um pouco mais adiante
Quis flexionar verbos
Dobrá-los
Ela ofereceu martelos
Ferramentas perfeitas
─ Beijamos
─ Amamos
─ Gozamos
Quejandos afora
Depois falamos outras línguas
Até não nos
entendermos mais
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