quarta-feira, 25 de abril de 2018

Estudo de grego moderno (001)

Esse é um curso de grego da Goethe Verlag (Editora Goethe, em alemão), que comento, analiso e, às vezes, corrijo!

Essa primeira parte, de vocabulário, tem um áudio (disponível para download) o texto não.

O texto é apresentado pelo ensino da língua, não verifiquei nenhuma das informações apresentadas!

Πρόσωπα (Pessoas)

εγώ
eu
εγώ και εσύ
eu e você
εμείς οι δύο
nós dois

αυτός
ele
αυτός και αυτή
ele e ela
αυτοί οι δύο
eles dois

ο άνδρας
o homem
η γυναίκα
a mulher
το παιδί
a criança

μία οικογένεια
uma família
η οικογένειά μου
a minha família
Η οικογένειά μου είναι εδώ.
Minha família está aqui.

Εγώ είμαι εδώ.
Eu estou aqui
Εσύ είσαι εδώ.
Você está aqui.
Αυτός είναι εδώ και αυτή είναι εδώ.
Ele está aqui e ela está aqui.

Εμείς είμαστε εδώ.
Nós estamos aqui.
Εσείς είστε εδώ.
Vocês estão aqui.
Έίναι όλοι εδώ.
Estão todos aqui.


Με τις γλώσσες κατά του Aλτσχάιμερ (Línguas contra o Alzeimer)


Όποιος θέλει να είναι σε καλή πνευματική φόρμα πρέπει να μαθαίνει ξένες γλώσσες.
Quem deseja ter boa forma mental deve aprender línguas estrangeiras.

Οι ξένες γλώσσες μπορούν να προστατεύσουν από την παράνοια.
As línguas estrangeiras podem proteger da paranoia.

Αυτό το έχουν αποδείξει πολλές επιστημονικές μελέτες.
Assim o têm demonstrado muitos estudos científicos.

Η ηλικία αυτού που μαθαίνει δεν παίζει σε αυτό κανένα ρόλο.
A idade de quem estuda não tem nenhum papel.

Το μόνο σημαντικό είναι να εξασκείται το μυαλό.
A única importância é exercitar o cérebro.

Η εκμάθηση λεξιλογίου ενεργοποιεί διάφορα μέρη του εγκεφάλου.
A aprendizagem de vocabulário ativa diferentes partes do cérebro.
Note: duas palavras para cérebro, μυαλό e εγκέφαλος. Importante notar também a mudança de acento em εγκέφαλος (nominativo), εγκεφάλου (genitivo).

Αυτοί οι τομείς συνεπάγονται σημαντικές γνωστικές λειτουργίες.
Essas setores implicam importantes funções cognitivas.

Οι γλωσσομαθείς για αυτό το λόγο είναι πιο αξιοπρόσεκτοι.
Os poliglotas, por essa razão, são mais dignos de nota.
Note: για αυτό το λόγο por essa razão

Επίσης μπορείτε να συγκεντρώνεστε καλύτερα.
Vocês também podem se concentrar melhor.

Αλλά οι πολλές ξένες γλώσσες έχουν επιπλέον πλεονεκτήματα.
Mas muitas línguas estrangeiras têm, além disso, vantagens.

Οι άνθρωποι που γνωρίζουν πολλές ξένες γλώσσες μπορούν να αποφασίζουν καλύτερα.
As pessoas que conhecem muitas línguas estrangeiras podem decidir melhor.

Καταλήγουν ταχύτερα σε κάποιο συμπέρασμα.
Chegam rapidamente a alguma conclusão.
Note: καταλήγω (σε) acabar, terminar, chegar

Από έγκειται στο ότι ο εγκέφαλος έχει μάθει να επιλέγει.
Isso se dá porque o cérebro tem aprendido a escolher.
Note: έγκειται (σε) encontrar-se, está, competir

Γνωρίζει πάντα τουλάχιστον δύο όρους για κάθε πράγμα.
Conhece sempre pelo menos dois termos para a mesma coisa.

Κάθε τέτοιος όρος παραπέμπει σε μια πιθανή επιλογή.
Cada um destes termos remete a uma possível opção.
Note: παραπέμπω (σε) [παραπέμπομαι] remeter, lembrar

Οι πολύγλωσσοι επίσης πρέπει να παίρνουν αποφάσεις σε μόνιμη βάση.
Os poliglotas também têm de tomar decisões constantemente.
Note: να παίρνουν αποφάσεις σε μόνιμη βάση tomar decisões de constante modo

Το μυαλό σας εξασκείται με αυτόν τον τρόπο, όταν έχεις να κάνεις επιλογή ανάμεσα σε περισσότερα πράγματα.
O cérebro deles exercita-se dessa maneira, quando tem de fazer uma opção entre várias coisas.

Και αυτή η εκπαίδευση δεν προέρχεται από το γλωσσικό κέντρο.
E esta educação não é proveniente de um centro linguístico.

Πολλά μέρη του εγκεφάλου ωφελούνται από την γνώση πολλών γλωσσών.
Muitas partes do cérebro beneficiam-se do conhecimento de muitas línguas.

Γνώση ξένων γλωσσών σημαίνει επίσης καλύτερο γνωστικό έλεγχο.
O conhecimento de línguas estrangeiras significa também um melhor controle cognitivo.

Φυσικά δεν σημαίνει απαραίτητα ότι εμποδίζεται η πνευματική διαταραχή από την γνώση γλωσσών.
Claro, não significa, necessariamente, que a perturbação mental é impedida pelo conhecimento de línguas.

Μπορεί απλώς η πνευματική ασθένεια να μετριαστεί από την γνώση γλωσσών.
Tão-somente pode a doença mental ser atenuada pelo conhecimento de línguas.

Και το μυαλό σας μπορεί να ανταποκριθεί καλύτερα στις συνέπειες.
E o cérebro delas pode reagir melhor às consequências.

Τα συμπτώματα της παράνοιας (πνευματικής διαταραχής) εμφανίζονται στον μαθητή με πιο αδύναμη μορφή.
Os sintomas da paranoia (perturbação mental) apresentam-se ao aluno de uma forma mais branda.
Note: με πιο αδύναμη μορφή com mais fraca forma

Η σύγχυση και αδυναμία μνήμης προκύπτουν πιο δύσκολα.
A confusão e a fraqueza de memória acontecem mais dificilmente.
Note: προκύπτω resultar

Από την απόκτηση γνώσης γλωσσών επωφελούνται εξίσου οι νεότεροι και οι μεγαλύτεροι σε ηλικία.
Da aquisição de conhecimento de línguas aproveitam-se os novos e os velhos em idade.

Και με κάθε γλώσσα γίνεται ευκολότερο να μάθεις μία άλλη.
E com cada língua torna-se mais fácil aprender uma outra.

Αντί φάρμακα πρέπει να ανατρέξουμε και στο λεξικό!
Em vez de medicamentos deveríamos recorrer também ao dicionário!



domingo, 22 de abril de 2018

Dia de finados


Um dia de finados em minha infância na cidade de Mirassol (SP), vi pela primeira vez um esqueleto humano que retiraram de um túmulo. Se não estou enganado, fazem isso para dar espaço no túmulo para um novo morto. Eu olhei para a pilha de ossos dentro de um saco plástico e achei aquilo a coisa mais engraçada do mundo, depois não dormi de noite... Nunca me esqueci dessa história e, em 2002, quando relatei o acontecido no formato em que está logo abaixo, eu tinha 29 anos!



Na minha idade nova
  Sem saber mais que cinco anos
    ─ Decerto era de manhã
  Pelo cemitério mirassolense

Para andar só
  Entre túmulos
Deixei
        Mãe
        Pai
        Irmãos

Andando só
Encontrei num saco aberto
Um esqueleto depositado
    ─ Feito lixo
    ─ Feito resto

O crânio exposto sorria
    Sorria sobre ossos amontoados
 Ria, sarcástico, dos meus cinco anos

Seu olhar profundo de órbitas vazias
Mostrava também haver tido cinco anos
    ─ Haver depois tido muito mais que cinco

Mostrava meu futuro num saco aberto
    ─ Feito lixo
    ─ Feito resto


quinta-feira, 12 de abril de 2018

Estudo de grego moderno

Há alguns anos, encontrei um curso de grego moderno na internet, o Book2, da Goethe Verlag (Editora Goethe, em alemão). O curso é legal! Eles apresentam uma caixa de diálogo muito simples e, logo abaixo, um texto completo com vocabulário nem tão reduzido assim.

Pois bem; depois de algum tempo, conheci a Anthee, hoje uma amiga, uma auxiliadora em meus estudos de grego e uma parceira na tradução de textos em grego e em inglês. Com o auxílio dela, percebi que os textos gregos da Goethe Verlag não são tão confiáveis assim, apresentam incorreções aqui e ali.

O fato de apresentarem erros, torna o estudo mais interessante e, como os estamos analisando, eu e a Anthee, será proveitoso postá-los aqui. Proveitoso tanto a quem queira estudar grego quanto a mim mesmo, que estarei comprometido a ter alguma regularidade.

Penso em textos quinzenais. Como são cem lições, teremos assunto para dois anos inteiros! Por ora, deixo o link para algumas de minhas reflexões sobre o alfabeto grego, que postei neste site, na semana que vem posto o primeiro texto e deixo um link para o áudio.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

O caso da semente

Esse texto foi escrito em 1999. Minha intenção era a de escrever um conto ou um causo nos moldes do “Para aprender as moda”, postado aqui neste blog.

Agora me lembro que a inspiração para esse conto foi um poema da Cora Coralina, o Caminho do morro. Isso foi em uma época em que eu não me preocupava em anotar referência bibliográfica, por esse motivo, caso queiram baixar o PDF com o conto da Coralina, a única coisa que o texto dela apresenta é o nome da autora; a divisão em estrofes e algum vocabulário em notas, não constam no original, são coisas minhas.

Vamos ao caso da semente.

I.

Um amigo africano, do Togo, trouxe-me como presente, dentro de um envelope de depósito do Banco do Brasil, uma semente de não-sei-o-quê. Uma sementona grande, toda seca. Entregou-me o envelope rindo ─ eu devia saber que tinha alguma coisa errada: aquela cara de malandro, o envelope do Banco do Brasil... Assim que meu amigo se despediu, joguei com desprezo a semente fora. Joguei pela janela e nem vi onde caiu. Sei que a sem-vergonha brotou. Quem diria? Uma arvorezinha muito bonita cresceu enfiando suas raízes na parede de minha casa, escalou a casa até o teto procurando pelo sol, finalmente, cresceu sobre o telhado.

Meus vizinhos elogiavam a beleza da planta. Fiquei orgulhoso, pois era a minha arvorezinha! Tudo aconteceu vagabundamente: nunca reguei ou adubei, nunca preocupei-me com podas, apenas deixei que ela crescesse sobre a casa. A arvorezinha enfeitava minha propriedade sem me dar trabalho.

O tronco estava enorme e forte, bem junto à parede. Então, veio a chuva, a árvore floriu e, depois de florir, deu fruto. Um fruto seco e esturricado que os vizinhos todos buscavam para tirar a semente e plantar. A procura era tanta que resolvi vendê-los, cheguei mesmo a fazer algum dinheiro. Em menos de um ano toda a vizinhança tinha a tal da arvorezinha cobrindo os telhados. Sobraram algumas sementes no meu quintal, que brotaram por ali mesmo e agarram-se em todos os meus muros.

Novas chuvas vieram e então eu descobri que a maldita planta esburacou meu telhado. Choveu sobre meus livros, sobre meus móveis e sobre meu carpete. Foi preciso providenciar a remoção da planta. Vieram homens com serras, machados, escadas e muita vontade de trabalhar, mas tiveram de esperar o sol secar os muros e telhados para poderem escalar a casa. Enquanto aqueles bons homens esperavam, o tronco da árvore engrossou e trincou minha parede.

Veio o sol e evaporou toda a umidade. Os homens iniciaram o trabalho: subiram e desceram escadas, bateram machados e serraram que serraram. Depois de alguns dias nessa lida, alguém gritou “madeira”. Uns correram para cá, outros correram para lá e a árvore veio ao chão. Junto com a árvore, foram ao chão meu telhado e a parede que estava junto ao tronco. Êta serviço porco! Xinguei que xinguei, mas de nada adiantou: tive de pagar o trabalho dos homens. Logo eles se foram com suas escadas, serras e machados. Dormi sem teto, ao relento, envolto pelas paredes que sobraram.

Tirei uma semana de folga para limpar a porcaria. Cortei a árvore em pedaços bem pequenos e joguei sobre o caminhão que os levou a um destino ignorado. Reconstruí a parede e o teto depois de remover o resto do tronco até a raiz. Removi todas as mudas remanescentes no meu quintal, que já começavam a escalar os muros que ainda estavam de pé. Demorou seis meses para que tudo voltasse ao normal na minha casa.

II.

Agora preciso contar dos meus queridos vizinhos, pois cada um deles tinha a mesma arvorezinha linda que destruiu minha casa subindo por seus próprios telhados. Os telhados estavam todos verdinhos e, depois de florirem, deram aquele mesmo fruto seco e esturricado que eu conheci em meu próprio quintal. As raízes racharam as calçadas deles, houve infiltração de água da chuva e, então, finalmente, alguém teve a brilhante ideia de responsabilizar-me pelo caos que assolava o bairro.

Tirei uma semana de folga para visitar esse e visitar aquele amigo. Contemplei os telhados da cidade e reuni alguns engenheiros para com eles fazer alguns orçamentos. Nunca em minha vida vi tantos números juntos, a situação era tão grave que o prefeito acabou intervindo.

O bairro reuniu-se em mutirão: homens, mulheres e crianças, cada um carregando sua escada, sua serra e seu machado. Todo mundo com muita vontade de trabalhar e eu liderava tudo com o auxílio de engenheiros. O governo do estado mandou tratores, operários e mais engenheiros à cidade. Tristemente, antes que os tratores começassem a funcionar, eis que chegam à cidade ambientalistas vindos de toda parte, dizendo que as árvores eram de espécie rara e não poderiam ser cortadas.

Aí o caso se avolumou. Enquanto nossas competentes autoridades decidiam o que fazer, e demoraram meses para decidir alguma coisa, a cidade foi invadida bichos que nunca vi em livros, o lugar ficou parecendo uma floresta e minha casa era o único ponto, mais ou menos desmatado, capaz de lembrar que aquele bairro um dia foi parte urbana da cidade.

Até tentamos passar por cima das decisões dos ambientalistas e derrubar tudo, mais logo vieram novas chuvas e uma nova florada. A partir daí não havia mais o que fazer. O engraçado é que, quando alguém queria conversar com o responsável pela bagunça, sempre aparecia alguém para dizer meu nome.

Algumas das famílias mudaram-se para perto, outras para longe. O Governo transformou o lugar em uma reserva destinada a pesquisas e minha casa tornou-se abrigo de cientistas.

Durante os acontecimentos, houve até quem sugerisse levar-me para a cadeia. Felizmente, também fiquei sem casa, o que significa sem meu escritório e sem minha biblioteca e sem cadeia!

Restou-me contar o causo do bairro que virou floresta. Para os incrédulos que riem de minha história trago na mala uma porção de sementes ressecadas, é só plantar!


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Uma outra flor


O seguinte poema não é meu, foi tirado do Instagram não faz muito tempo e só quis publicá-lo neste blog devido a umas poucas curiosidades.

A autora, que se denomina Antígona (não quer dizer que de fato se chame Antígona, ainda que nomes de deuses e heróis da mitologia sejam comuns entre gregos), tem uma conta chamada @poetrybreath, da qual tirei esse poema. Ela apresenta seus poemas em letras cursivas bem estilizadas, escritas sobre uma tela que conheço pelo nome de aguada. O efeito é bem bonito, ainda que o poema seja um tanto óbvio.

O jogo de palavras no final que é muito típico da língua grega: palavras muito próximas, homógrafas ou homófonas, com sentido muito diferente. No caso desse poema, as palavras são homófonas, pronunciam-se “filái”, uma se escreve com ípsilon, e significa guarde, outra com o iota, e significa beije.

Aliás, é possível falar mais sobre essa palavra e suas semelhantes. “Fílos” (φίλος) significa amigo ou namorado e o feminino se faz com o ita, pronuncia-se “fíli” (φίλη) e significa amiga ou namorada; “filí” (φιλί), com acento diferente, significa beijo... Curioso que haja um idioma no qual a palavra amigo/amiga assemelhe-se a beijo (e que na antiguidade desse idioma, beijar também signifique amar)!































Έχω ένα λουλούδι που αγαπώ.
Θέλω να το δώσω σε κάποιον
να το κρατάει,
να το φυλάει.
Να σε φιλάει.

Amo uma flor que tenho.
Quero dá-la a alguém
que a tome,
que a guarde.
Que beije você.



Buenos Aires: Facultad de Filosofía y Letras

  Fazia parte dos planos de passeios por Buenos Aires visitarmos uma universidade, mais especificamente, um curso de Letras. Isso porque sem...