segunda-feira, 23 de maio de 2022

Buenos Aires: Facultad de Filosofía y Letras

 





Fazia parte dos planos de passeios por Buenos Aires visitarmos uma universidade, mais especificamente, um curso de Letras. Isso porque sempre foi uma descoberta prazerosa visitar universidades aqui no estado de São Paulo. Já visitei o câmpus da USP de São Paulo e de Ribeirão Preto, a Unicamp e alguns dos câmpus da UNESP, portanto, visitar a UBA poderia ser igualmente interessante. Não apenas isso, eu queria algum contato que durasse mais do que aqueles poucos dias em que estaríamos ali e, se fosse com alguém que tivesse afinidades literárias, melhor.

Como já era planejado, saímos a procura da Filo, a Facultad de Filosofía y Letras (FFyL). Pegamos o Subte e fomos de Piedras a San Pedrito. Chegando lá, andamos um pouco e encontramos a UBA, Universidad de Buenos Aires, da qual a Filo faz parte. O lugar é uma antiga fábrica de charutos que foi transformada em faculdade e parecia abandonado, depois ficamos sabendo que de fato estava abandonado, e isso era bastante desanimador. É que em breve a Filo estará num prédio novo e esse é um momento de transição. Circulamos pelo lugar e, falando com alunos, soubemos de uma secretaria de informações. Antes de chegarmos à secretaria, encontramos três moças de militância política: Azul, Belem e Malena. Elas nos convidaram a participar do Encuentro Socioambiental que aconteceria no nosso penúltimo dia em Buenos Aires. Pegamos panfletos, compramos os jornais que elas estavam vendendo e tomamos nota do encontro, que seria na Facultad de Sociales UBA.

Ainda nas dependências da Filo, no momento em que íamos sair, encontramos um rapaz com alguns livros sobre uma mesa de lata como as que temos em bares por aqui. Contei que conversamos com as colegas dele, disse do meu interesse em conhecer mais sobre a política Argentina e sobre o peronismo, então, ele me ofereceu os livros que estava vendendo, interessei-me particularmente pelo livro Escritos Peronistas, de Norberto Ivancich. Esse livro em particular tinha o preço em aberto, pagávamos o que achávamos que deveríamos pagar. Peguei o livro, como a Marta estava com o dinheiro, abriu a bolsa e ofereceu cinquenta pesos ao rapaz, que fez uma cara assim... Eu vi que era pouco, cerca de dois reais, mas o preço estava em aberto e eu fiquei sem saber o que fazer. Fiz cara de desentendido, conversamos um pouco mais e fomos embora. A Marta, depois, para se desculpar, questiona: “Mas, gente, custava por preço no livro?”. O caso acabou entrando para meu anedotário argentino!

O encontro na Filo levou-nos ao momento alto do passeio, o Encuentro Socioambiental. Digo isso porque pudemos interagir, conversar com alguém e expandir a experiência que duraria menos de uma semana. No Encuentro Socioambiental as palestras eram simultâneas, por isso eu e a Marta tivemos de nos separar. Eu participei da palestra “Crisis social y desigualdad: el rol de los comedores populares y los movimientos sociales”, dirigido pela Monica, e a Marta participou do “Mal comidos, agronegocio y cementación urbana: soberania alimentaria y eco-huertas”, dirigido pela Jessica. Das amizades feitas nesse encontro resultou minha participação, ainda hoje, nos debates políticos com uma correspondente argentina que mora em São Paulo, a Verónica.

Hoje é o aniversário de um mês desse Encuentro Socioambiental. No final das contas, essas amizades, ainda que momentâneas, e a experiência política são o que trouxemos além das fotos. É curioso pensar na riqueza de conhecer a cultura de um país por meio de uma viagem, a experiência é de fato enriquecedora, pensar num intercâmbio agora ficou muito mais fácil.

Buenos Aires: Facultad de Filosofía y Letras

  Fazia parte dos planos de passeios por Buenos Aires visitarmos uma universidade, mais especificamente, um curso de Letras. Isso porque sem...