terça-feira, 8 de maio de 2018

Um medo

Durante muito eu acreditei que a escrita de um poema era fruto de inspiração, arte de gênios. Depois comecei a acreditar em prática, que para escrever bem era preciso escrever muito. Depois, acabei por convencer-me de uma irreparável incompetência... 

Um dia, discutindo meus textos com um colega, ele sugeriu-me a reescrita. Pouco depois eu entendi que um texto pode demorar muito tempo para ficar pronto. Foi quando tive a iniciativa de guardar o que escrevo para um dia, talvez, reescrevê-los. 

O poema abaixo foi escrito em 2002, não foi reescrito, está no formato original. A ideia do toque é um tanto simples: não é possível tocar sem ser tocado; mas, quando não há toque, resta somente o vazio. Além do quê, há um desejo de saber de quantas maneiras é possível não tocar alguém. 



Ainda não toquei você 
Não pele 
Não cabelos 
Não há sensível superfície provada 
Não há marcas destas digitais 
Não há 

Ainda não toquei você 
Não cores 
Não vento 
Não o que faz pulsar mais quente 
Não o que cega em sal de águas 
Não lágrimas 

Estou arranhado pelo sangue dentro 
No fundo bem leve taciturno 
Parece que nem sei mais paixão 
Parece branco frio glacial


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