Durante muito eu acreditei que a escrita de um poema era fruto de inspiração, arte de gênios. Depois comecei a acreditar em prática, que para escrever bem era preciso escrever muito. Depois, acabei por convencer-me de uma irreparável incompetência...
Um dia, discutindo meus textos com um colega, ele sugeriu-me a reescrita. Pouco depois eu entendi que um texto pode demorar muito tempo para ficar pronto. Foi quando tive a iniciativa de guardar o que escrevo para um dia, talvez, reescrevê-los.
O poema abaixo foi escrito em 2002, não foi reescrito, está no formato original. A ideia do toque é um tanto simples: não é possível tocar sem ser tocado; mas, quando não há toque, resta somente o vazio. Além do quê, há um desejo de saber de quantas maneiras é possível não tocar alguém.
Ainda não toquei você
Não pele
Não cabelos
Não há sensível superfície provada
Não há marcas destas digitais
Não há
Ainda não toquei você
Não cores
Não vento
Não o que faz pulsar mais quente
Não o que cega em sal de águas
Não lágrimas
Estou arranhado pelo sangue dentro
No fundo bem leve taciturno
Parece que nem sei mais paixão
Parece branco frio glacial
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