sábado, 16 de abril de 2022

Buenos Aires e outras cidades literárias

Um título mais apropriado seria Outras cidades literárias e Buenos Aires, já que a capital argentina ficou para o final! De todo modo, o que tenho a dizer é que, em literatura, os grandes autores ambientam seus romances nas cidades em que vivem. Assim, Rio de Janeiro é a cidade de Machado de Assis, ali se passam Dom Casmurro, Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, ainda que esse último tenha seu início em Barbacena, MG. Londres é a cidade de alguns dos romances de Virginia Woolf, ao menos daqueles que eu li, como Mrs Dolloway. Dublin, capital da Irlanda, é a cidade de James Joyce, tanto que sua coleção de contos, Dublinenses, é uma ficção sobre os moradores de lá. Faz tempo que li Clarice Lispector, mas, salvo engano meu, ela ambienta boa parte de seus contos e romances em São Paulo e no Rio de Janeiro, nas duas cidades, não me lembro de outras.

Tony Bellotto organizou duas coletâneas de contos simpaticíssimas, São Paulo Noir e Rio Noir, ambas pela editora Casa da Palavra. Entre os grandes méritos, está o de reunir contistas brasileiros contemporâneos. Ainda que alguns sejam de escritores muito conhecidos como Marçal Aquino, Drauzio Varella e Luís Fernando Veríssimo, há também autores mais recentes como Vanessa Barbara.

Por causa de minha viagem para Buenos Aires, li o livro de João Correia Filho, Buenos Aires, livro aberto: a capital argentina nas pegadas de Borges, Cortázar e cia. Não li outros livros de João Correa Filho, só o dedicado a Buenos Aires, e até acredito que esse guia tenha sido possível devido ao sucesso anterior de seu livro Lisboa em Pessoa: guia turístico e literário da capital portuguesa. Digo isso porque eu esperava mais do livro, quer dizer, no final, nada do que li será aproveitado nesse passeio e terei que descobrir Buenos Aires por mim mesmo!

O livro de Airton Ortiz sobre Atenas, que tem como título, justamente, o nome da cidade, Atenas, acabou sendo uma boa referência durante o início de meus estudos da língua grega e até rendeu algumas conversas divertidas com minha amiga Anthee. É que os hábitos gregos mais pitorescos que ele descreve, algumas malandragens, por exemplo, acabaram sendo desmentidas pela minha amiga e, para falar a verdade, refletindo agora um pouco mais sobre sua narrativa, o tom é tão ficcional quanto qualquer boa história de pescador!

Eu mesmo conto histórias de lugares por onde andei, ainda que tenham sido poucos os lugares. Escrevi sobre Aracaju, nos dias em que vivi por lá, mas eram páginas de um caderno que eu escrevia a mão, nada parecido com um blog — eu nem sei dizer se já existia blog naqueles dias. Aracaju aconteceu em 2002, em breve se completarão 20 anos daquela aventura. Também mantive um diário quando estive em Ribeirão Preto. Tanto em Aracaju quanto em Ribeirão Preto foram vários meses, em Buenos Aires serão cinco dias apenas. Portanto, essa não será a viagem mais longa, nem a mais distante; será a primeira internacional.

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