quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Desenho

Escrito em 1998, esse texto também é parte de minhas experiências de escrita.

Na época eu lia bastante a Cecília Meireles, que sempre fala de desenhos ─ por exemplo, nesses versos de Canção excêntrica:

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.


O trabalho que propus a mim mesmo foi o de dar vida a um retrato...



Para os olhos

Cores e formas


Luz e sombra

Cílios e sobrancelhas

Nariz e o contorno do rosto

Depois


O sorriso


Os cabelos

Escondem parcialmente as orelhas

(Antes de caírem sobre os ombros)

Falta o queixo e mais nada

É só colorir em pastel

Estarão prontos os olhos


Agora lhes dou lembranças

Saudades e alguma dor

(Não muita, pois se chora


borra a tela)


Nada de cores


Os fecho

Não castanhos, negros


Não verdes


Não azuis

Apenas um sonho

No rosto triste que sorri



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Buenos Aires: Facultad de Filosofía y Letras

  Fazia parte dos planos de passeios por Buenos Aires visitarmos uma universidade, mais especificamente, um curso de Letras. Isso porque sem...