sexta-feira, 6 de julho de 2018

Aprendendo a voar

Escrevi esse texto em 1999. Sobre vencer e perder, mas também, quem sabe, um pouco de autoajuda a mim mesmo! Essa ajuda, no caso, seria alguma coisa que eu gostaria de ouvir ou saber de mim mesmo depois que toda a energia do final da adolescência se tivesse esgotado — quando eu ficasse velho, portanto. 

Um amigo, com o qual eu discutia meus textos na época, recomendou-me ler Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Ele viu alguma semelhança temática. Eu, no entanto, ainda não fiz essa leitura... Segue abaixo o texto. 





Quando eu ficava sozinho, olhava para o céu e me esticava todo na ponta dos pés, depois encarava o horizonte: queria voar até lá. Faz tempo... Mas, conhecia minha condição — sempre fui de grandes altitudes! 

Não olhava para baixo; baixo era um lugar que não existia. Eu tinha certeza de que só me era necessário um pouco mais de tempo. Sim, pois tinha muita coragem! Mas, apesar dessa coragem, quando abria as asas e encarava o horizonte ficava estarrecido. 

Uma questão de tempo, só isso... 

O tempo passava devagar, em desacordo com a minha ansiedade. Meus olhos viam longe e de longe eu queria olhar a montanha, mais do que de longe: de cima, — já era maior que ela naqueles dias. Eu abria as asas quando o vento soprava forte, sentia-me leve, depois continha o passo.

Num daqueles dias, uma força dentro fez-se presente, fiquei mais leve, e, finalmente, mostrei à montanha que eu era sim capaz! 

Foi a primeira vez, o primeiro voo. Fiz segredo daquele primeiro breve passeio, mas logo tomei gosto, encontrei meus pares e, na distância, a montanha ficou mediocremente minúscula. 

Sou forte por natureza e sempre conheci minha condição. Visitei outras montanhas e, além das montanhas, campos em planícies sem fim. Lutei o que era preciso lutar e sempre, sempre soube retornar. 

Hoje a montanha principia ser maior do que eu novamente, que me canso ao ir tão alto. Mas, como disse, sempre conheci minha condição. Ainda abro as asas quando o vento sopra forte, sinto-me leve... — e, a montanha sabe que foi vencida.

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